quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Chinese Democracy Starts Now



Finalmente uma das maiores novelas da indústria fonográfica tem data para chegar ao fim. Chinese Democracy, o tão aguardado álbum do reformulado Guns N' Roses, será lançado no próximo dia 23 de novembro pondo fim à espera de 15 anos dos fãs por um disco de faixas inéditas. Não pense que é mais uma das muitas datas anunciadas, dessa vez é pra valer. Alguns dias depois de boatos correrem pela internet, hoje a banda confirmou em seu site oficial a notícia.

Hoje também é uma data importantíssima para os Gunners pois começa a ser executado o primeiro single de Chinese Democracy nas rádios americanas. Trata-se da faixa que dá nome ao álbum e que faz em sua letra uma crítica ao Politburo da China, responsável entre outras coisas pela censura à liberdade de expressão do país.

No mês de setembro, houve o lançamento de uma faixa inédita, a primeira desde Oh My God que apareceu na trilha do filme Fim dos Dias. A música se chama Shackler's Revenge, um rock demasiadamente industrial e especialmente gutural com refrão pegajoso, e apareceu no game Rock Band II, concorrente direto do consagrado Guitar Hero. No jogo ainda aparecem, pela primeira vez num game do gênero, músicas do AC/DC. Irado!

Há uma discussão entre os fãs que acompanham as notícias do GN'R sobre as músicas que haviam vazado anteriormente, para ser mais exato 10 entre as 14 faixas do novo CD. Alguns alegam que Axl Rose liberara aos poucos as faixas em versões não-definitivas como uma forma de testar a receptividade do público a nova sonoridade da banda. Na realidade, deve ser dito que essa é uma das desvantagens de correr atrás das novidades sobre qualquer artista, não há surpresa.

Pessoalmente, tenho grandes expectativas quanto ao resultado final de Chinese Democracy. Apesar de já conhecer todas as músicas que vazaram até agora, ainda estou curioso para conferir as versões definitivas de músicas como Street of Dreams (antiga The Blues), Madagascar e There Was A Time, minhas favoritas.

O Guns se prepara para voltar ao lugar de onde nunca deveria ter saido: o topo das paradas. Axl sabe que 2008 é o ano da China e que não poderia existir melhor momento para esse grande lançamento. Sem mais. Chinese Democracy Starts Now. Are you ready?


See ya,
Be Abreu.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Sobre Ana e o Mar

Veio de manhã molhar os pés na primeira onda. Abriu os braços devagar e se entregou ao vento. O sol veio avisar que de noite ele seria a lua pra poder iluminar Ana, o céu e o mar. Sol e vento, dia de casamento. Vento e sol, luz apagada no farol. Sol e chuva, casamento de viúva. Chuva e sol, casamento de espanhol.
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Ana aproveitava os carinhos do mundo, os quatro elementos de tudo, deitada diante do mar, que apaixonado entregava as conchas mais belas, tesouros de barcos e velas que o tempo não deixou voltar. Onde já se viu o mar apaixonado por uma menina? Quem já conseguiu dominar o amor? Por que é que o mar não se apaixona por uma lagoa? Porque a gente nunca sabe de quem vai gostar?
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Ana e o mar... Mar e Ana... Histórias que nos contam na cama antes da gente dormir. Ana e o mar... Mar e Ana... Todo sopro que apaga uma chama reacende o que for pra ficar.
Quando Ana entra o sorriso do mar-drugada se estende pro resto do mundo, abençoando ondas cada vez mais altas, barcos com suas rotas e as conchas que vem avisar desse novo amor...

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

"It's been a long time since I Rock And Rolled!"

"Esse é um momento histórico! Sensacional!"

O Dave Grohl a gente já conhece. O cara manda bem à beça e tem história na bateria, ótimo front-man já fez parcerias com Queens of the Stone Age e Paul McCartney. Taylor Hawkins talvez seja a surpresa do vídeo, fazendo as vezes do insubstituível Robert Plant (sem comparações, óbvio), mandando muito bem e fazendo valer a brincadeira. Foo Fighters e U2 são, na minha opinião, as bandas de rock de maior projeção no cenário mundial. Exatamente, o que o Led e o Pink Floyd eram na inspirada década de 70 (guardadas as devidas proporções, é claro).

Fãs assumidos de Led, eles tocam Rock And Roll e ainda Ramble On com Jimmy Page e John-Paul Jones! O vídeo é parte do novo DVD do Foo Fighters, Live at Wembley, ainda sem data de lançamento aqui no Brasil e que, segundo a Rolling Stone, será exibido em alta definição em cinemas da Inglaterra. Simplesmente magnífico!

Led Zeppelin. Se você não conhece, corre atrás. Pra ontem!

See ya,
Be Abreu.

Gustav, Hanna & Ike: Love is in the air

Gustav era um sujeito bom. Alegre, gentil. No entanto, estava de cabeça cheia da vida e do trabalho. Resolveu então dar uma volta pela América para fazer uma farrinha e conhecer novos ares. Mas Hanna, sua esposa, não gostou lá muito dessa história e foi logo atrás para tirá-la a limpo.

"- O que é que há? Viaja assim e nem me convida? Eu hein!" Ela indagava.

Hanna nunca permitiu que passassem por cima dela. Muito pelo contrário.Se preciso ela faria ainda mais do que a sua irmã gêmea, Katrina, que, como os moradores de Nova Orleans bem sabem, é um tanto quanto nervosinha.

"- Ê, família com o gênio difícil." Dizia o pobre Gustav.

Hanna ficou tão furiosa com a repentina partida de Gustav que largou tudo e se mandou. Hanna, porém, esqueceu que havia marcado um encontro com Ike, um velho amigo de infância que, segundo diziam as más línguas, por ela sempre teve uma queda. Hanna não sabia que Ike tinha uma devastadora revelação a ser feita, passaria por cima da sua aparente timidez e, enfim, declararia todo seu apreço pela amada.

Ike esperou ansiosamente e Hanna não apareceu. Viu pelo noticiário que ela estava nos Estados Unidos, fazendo o maior barraco por causa de Gustav. Não hesitou e foi atrás dela, levara toda uma vida para ter a coragem necessária para dizer toda a verdade, não seria esse imprevisto que o iria impedir.
Continua...

Ouvindo Rock You Like A Hurricane - Scorpions (hehe)

See ya,
Be Abreu

sábado, 13 de setembro de 2008

Por um Setembro Não-Etílico

Para aqueles que vinham acompanhando as desventuras alcoólicas pelas quais ele vinha passando, essa poderia ser não só a decisão mais sensata, como também a mais improvável, afinal todos sabiam que se tratava de uma tarefa difícil e inédita. Mas a opinião dos outros não importava naquele momento. Estava decidido a provar para si mesmo que era capaz de controlar seus impulsos e vontades, principalmente aquelas com grande potencial de arrependimento (que como todos sabem só pode ser posterior). Mas claro. Um insight louco desse não poderia simplesmente brotar na consciência como um feijãozinho no algodão, não... Foi preciso mais do que isso.

Há pessoas, muitas delas, que preferem começar uma dieta na segunda-feira para aproveitar o fim de semana à la "despedida da comilança e da felicidade"; comem tudo que aparece pela frente e depois conhecem a já velha história onde a preguiça acaba com a dieta antes da dieta com os quilos sobressalentes. Ele não teve o tal privilégio. Pra variar estava de ressaca, pra piorar era uma manhã de segunda-feira e pra completar, dia 1º.

Foi quando levou uma sacudida homérica. Não pela força física da abordagem, mas pelo conteúdo do sermão. Daqueles onde há nada pra falar, mas muito pra ouvir. Até aí mais uma vez morreu o tal do Neves, tudo igual. Foi quando veio a sugestão: Provar quem está no controle da situação, o instinto e o hábito ou a consciência e a razão. Um mês inteiro com seus 30 dias divididos em 4 semanas, cada uma dessas com um sábado e um domingo e ainda uma quarta-feira de futebol na TV, talvez não fosse muito tempo, mas só saberia se tentasse. Entrou nessa. Setembro seria então um mês sóbrio.

Imaginou e analisou as conseqüências dessa decisão no mesmo instante: as geladas com amigos, os churrascos, bares e nights. Todos estes sem cerveja ou destilados de qualquer natureza. Porém enxergou também que poderia ser interessante e até engraçado em certo ponto ficar sem álcool durante um mês, tão somente pra ver como seu corpo (em especial sua barriga) e as outras pessoas reagiriam e constatar o nível do seu gosto (porque vício é pesado demais) pela "fuga da realidade" que a bebida proporciona. A primeira providência que tomou foi comunicar seus próximos da decisão. Sim, porque dessa forma a cobrança viria também de fora no caso de uma possível escorregada. Não poderia funcionar melhor.

Meses antes havia tomado decisão parecida. Essa, da mesma forma, foi provocada por um apelo, mas não externo. Havia ficado muito doente, mais um número para estatística de vítimas do mais carioca dos mosquitos, o Aedys... Nesse período não foi capaz de fumar. Não porque não queria, mas simplesmente não conseguia. Fumar era um hábito que mantinha já há algum tempo e que, segundo suas reflexões, deveria ser combatido mais cedo ou mais tarde. Daquela vez a doença o pegou de jeito, uma semana até reabilitação total (ou quase isso) e ao final desta percebeu que a fumaça já não era tão necessária e que poderia mais uma vez tentar abandonar o cigarro. Conseguiu...

Durante o processo não-etílico lembrou-se por várias vezes da filosofia "só por hoje", muito usada em grupos anônimos das mais diversas naturezas. Era nessa frase que pensava quando arquitetava ainda que inconscientemente uma escapadinha, se transformou num tipo de mantra para ele. E foi assim que um mês se passou sem que tivesse vacilado do compromisso.

Diziam que no mês de Outubro ele compensaria o que não bebeu e acabaria por beber mais ainda. Ele dizia que não, que já não tinha a mesma vontade de beber como antes. Mas isso só o tempo dirá.



Ouvindo Good Ridance (Time Of Your Life) - Green Day.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Eduardo e Mônica: O Dossiê


O falecido Renato Russo era, sem dúvida, um ótimo músico e um excelente letrista. Escreveu verdadeiras obras de arte cheias de originalidade e sentimento. Como artista engajado que era, defendia veementemente seus pontos de vista nas letras que criava. E por isso mesmo, talvez algumas delas excedam a lógica e o bom senso. Como no caso da música Eduardo e Mônica, do álbum "Dois" da Legião Urbana, de 1986, onde a figura masculina (Eduardo) é tratada sempre como alienada e inconsciente, enquanto a feminina (Mônica) é a portadora de uma sabedoria e um estilo de vida evoluidíssimos. analisemos o que diz a letra.

Logo na segunda estrofe, o autor insinua que Eduardo seja preguiçoso e indolente (Eduardo abriu os olhos mas não quis se levantar; Ficou deitado e viu que horas eram) ao mesmo tempo que tenta dar uma imagem forte e charmosa à Mônica (enquanto Mônica tomava um conhaque noutro canto da cidade como eles disseram). Ora, se esta cena tiver se passado de manhã como é provável, Eduardo só estaria fazendo sua obrigação: acordar. Já Mônica revelaria-se uma cachaceira profissional, pois virar um conhaque antes do almoço é só para quem conhece muito bem o ofício.

Mais à frente, vemos Russo desenhar injustamente a personalidade de Eduardo de maneira frágil e imatura (Festa estranha, com gente esquisita). Bom, "Festa estranha" significa uma reunião de porra-loucas atrás de qualquer bagulho para poderem fugir da realidade com a desculpa esfarrapada de que são contra o sistema. "Gente esquisita" é, basicamente, um bando de sujeitos que têm o hábito gozado de dar a bunda após cinco minutos de conversa. Também são as garotas mais horrorosas da via-láctea. Enfim, esta era a tal "festa legal" em que Eduardo estava. O que mais ele podia fazer? Teve que encher a cara pra agüentar aquele pesadelo, como veremos a seguir.

Assim temos (- Eu não estou legal. Não agüento mais birita). Percebe-se que o jovem Eduardo não está familiarizado com a rotina traiçoeira do álcool. É um garoto puro e inocente, com a mente e o corpo sadios. Bem ao contrário de Mônica, uma notória bêbada sem-vergonha do underground.

Adiante, ficamos conhecendo o momento em que os dois protagonistas se encontraram (E a Mônica riu e quis saber um pouco mais Sobre o boyzinho que tentava impressionar). Vamos por partes: em "E a Mônica riu" nota-se uma atitude de pseudo-superioridade desumana de Mônica para com Eduardo. Ela ri de um bêbado inexperiente! Mais à frente, é bom esclarecer o que o autor preferiu maquiar. Onde lê-se "quis saber um pouco mais" leia-se" quis dar para"! É muita hipocrisia tentar passar uma imagem sofisticada da tal Mônica.

A verdade é que ela se sentiu bastante atraída pelo "boyzinho" que tentava impressionar"! É o máximo do preconceito leviano se referir ao singelo Eduardo como "boyzinho". Não é verdade. Caso fosse realmente um playboy, ele não teria ido se encontrar com Mônica de bicicleta, como consta na quarta estrofe (Se encontraram então no parque da cidade A Mônica de moto e o Eduardo de camelo). Se alguém aí age como boy, esta seria Mônica, que vai ao encontro pilotando uma ameaçadora motocicleta. Como é sabido, aos 16 (Ela era de Leão e ele tinha dezesseis) todo boyzinho já costuma roubar o carro do pai, principalmente para impressionar uma maria-gasolina como Mônica.

E tem mais: se Eduardo fosse mesmo um playboy, teria penetrado com sua galera na tal festa, quebraria tudo e ia encher de porrada o esquisitão mais fraquinho de todos na frente de todo mundo, valeu?

Na ocasião do seu primeiro encontro, vemos Mônica impor suas preferências, uma constante durante toda a letra, em oposição a uma humilde proposta do afável Eduardo (O Eduardo sugeriu uma lanchonete Mas a Mônica queria ver filme do Godard). Atitude esta, nada democrática para quem se julga uma liberal.

Na verdade, Mônica é o que se convencionou chamar de P.I.M.B.A (Pseudo Intelectual Metido à Besta e Associados, ou seja, intelectuerdas, alternativos, cabeças e viadinhos vestidos de preto em geral), que acham que todo filme americano é ruim e o que é bom mesmo é filme europeu, de preferência francês, preto e branco, arrastado para caralho e com bastante cenas de baitolagem.
Em seguida Russo utiliza o eufemismo "menina" para se referir suavemente à Mônica (O Eduardo achou estranho e melhor não comentar. Mas a menina tinha tinta no cabelo). Menina? Pudim de cachaça seria mais adequado. Ainda há pouco vimos Mônica virar um Dreher na goela logo no café da manhã e ele ainda a chama de menina? Além disto, se Mônica pinta o cabelo é porque é uma balzaca querendo fisgar um garotão viril. Ou então porque é uma baranga escrota.

O autor insiste em retratar Mônica como uma gênia sem par. (Ela fazia Medicina e falava alemão) e Eduardo como um idiota retardado (E ele ainda nas aulinhas de inglês). Note a comparação de intelecto entre o casal: ela domina o idioma germânico, sabidamente de difícil aprendizado, já tendo superado o vestibular altamente concorrido para Medicina. Ele, miseravelmente, tem que tomar aulas para poder balbuciar "iéis", "nou" e "mai neime is Eduardo"! Incomoda como são usadas as palavras "ainda" e "aulinhas", para refletir idéias de atraso intelectual e coisa sem valor, respectivamente.
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Na seqüência, ficamos a par das opções culturais dos dois (Ela gostava do Bandeira e do Bauhaus, De Van Gogh e dos Mutantes, De Caetano e de Rimbaud). Temos nesta lista um desfile de ícones dos P.I.M.B.A., muito usados por quem acha que pertence a uma falsa elite cultural. Por exemplo, é tamanha uma pretensa intimidade com o poeta Manuel de Souza Carneiro Bandeira Filho, que usou-se a expressão "do Bandeira". Francamente, "Bandeira" é aquele juiz que fica apitando impedimento na lateral do campo. O sujeito mais normal dessa moçada aí cortou a orelha por causa de uma sirigaita qualquer. Já viu o nível, né? Só porra-louca de primeira. Tem um outro peroba aí que tem coragem de rimar "Êta" com "Tiêta" e neguinho ainda diz que ele é gênio!

Mais uma vez insinua-se que Eduardo seja um imbecil acéfalo (E o Eduardo gostava de novela) e crianção (E jogava futebol de botão com seu avô). A bem da verdade, Eduardo é um exemplo. Que adolescente de hoje costuma dar atenção a um idoso? Ele poderia estar jogando videogame com garotos de sua idade ou tentando espiar a empregada tomar banho pelo buraco da fechadura, mas não. Preferia a companhia do avô em um prosaico jogo de botões! É de tocar o coração. E como esse gesto magnânimo foi usado na letra? Foi só para passar a imagem de Eduardo como um paspalho energúmeno. É óbvio, para o autor, o homem não sabe de nada. Mulher sim, é maturidade pura.

Continuando, temos (Ela falava coisas sobre o Planalto Central, Também magia e meditação). Falava merda, isso sim! Nesses assuntos esotéricos é onde se escondem os maiores picaretas do mundo. Qualquer chimpanzé lobotomizado pode grunhir qualquer absurdo que ninguém vai contestar. Por que? Porque não se pode provar absolutamente nada. Vale tudo! É o samba do crioulo doido. E quem foi cair nessa conversa mole jogada por Mônica? Eduardo é claro, o bem intencionado de plantão. E ainda temos mais um achincalhe ao garoto (E o Eduardo ainda estava no esquema escola - cinema - clube - televisão). O que o Sr. Russo queria? Que o esquema fosse "bar da esquina - terreiro de macumba - sauna gay - delegacia"?? E qual é o problema de se ir a escola?!?

Em seguida, já se nota que Eduardo está dominado pela cultura imposta por Mônica (Eduardo e Mônica fizeram natação, fotografia, teatro, artesanato e foram viajar). Por ordem:

1) Teatro e artesanato não costumam pagar muito imposto.
2) Teatro e artesanato não são lá as coisas mais úteis do mundo.
3) Quer saber? Teatro e artesanato é coisa de viado!!!

Agora temos os versos mais cretinos de toda a letra (A Mônica explicava pro Eduardo Coisas sobre o céu, a terra, a água e o ar). Mais uma vez, aquela lengalenga esotérica que não leva a lugar algum. Vejamos: Mônica trabalha na previsão do tempo? Não. Mônica é geóloga? Não. Mônica é professora de química? Não. A porra da Mônica é alguma aviadora? Também não. Então que diabos uma motoqueira transviada pode ensinar sobre céu, terra, água e ar que uma muriçoca não saiba?

Novamente, Eduardo é retratado como um debilóide pueril capaz de comprar alegremente a Torre Eiffel após ser convencido deste grande negócio pelo caô mais furado do mundo. Santa inocência... Ainda em (Ele aprendeu a beber), não precisa ser muito esperto pra sacar com quem... é claro, com a campeã do alambique! Eduardo poderia ter aprendido coisas mais úteis, como o código morse ou as capitais da Europa, mas não. Acharam melhor ensinar para o rapaz como encher a cara de pinga. Muito bem, Mônica! Grande contribuição!

Depois, temos (deixou o cabelo crescer). Pobre Eduardo. Àquela altura, estava crente que deixar crescer o cabelo o diferenciaria dos outros na sociedade. Isso sim é que é ativismo pessoal. Já dá pra ver aí o estrago causado por Mônica na cabeça do iludido Eduardo.

Sempre à frente em tudo, Mônica se forma quando Eduardo, o eterno micróbio, consegue entrar na universidade (E ela se formou no mesmo mês em que ele passou no vestibular). Por esse ritmo, quando Eduardo conseguir o diploma, Mônica deverá estar ganhando o seu oitavo prêmio Nobel.

Outra prova da parcialidade do autor está em (porque o filhinho do Eduardo tá de recuperação). É interessante notar que é o filho do Eduardo e não de Mônica, que ficou de segunda época. Em suma, puxou ao pai e é burro que nem uma porta.

O que realmente impressiona nesta letra é a presença constante de um sexismo estereotipado. O homem é retratado como sendo um simplório alienado que só é salvo de uma vida medíocre e previsível graças a uma mulher naturalmente evoluída e oriunda de uma cultura alternativa redentora. Nesta visão está incutida a idéia absurda que o feminino é superior e o masculino, inferior. É sabido que em todas culturas e povos existentes o homem sempre oprimiu a mulher. Porém, isso não significa, em hipótese alguma, que estas sejam melhores que os homens. São apenas diferentes. Se desde o começo dos tempos o sexo feminino fosse o dominador e o masculino o subjugado, os mesmos erros teriam sido cometidos de uma maneira ou de outra. Por que? Ora, porque tanto homens quanto mulheres e colunistas sociais fazem parte da famigerada raça humana. E é aí que sempre morou o perigo. Não importa que seja Eduardo, Mônica ou até... Renato!
Por Adolar Gangorra

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Se a vida é um jogo, estas são as regras (Parte I)

Regra Um
"VOCÊ RECEBERÁ UM CORPO"

Você pode amá-lo ou odiá-lo, mas ele será seu enquanto durar a sua vida
na Terra.


Aceitação

"Creio que quando realmente amamos e nos aceitamos
exatamente como somos tudo
na vida funciona." (Louise Hay)

Auto-Estima

"Ninguém pode fazer com que você se sinta inferior sem
ter seu consentimento."
(Eleanor Roosevelt)

Respeito

"Seu corpo é seu veículo para a vida. Enquanto estiver aqui, viva nele.
Ame-o, honre-o, respeite-o e cuide dele com carinho, trate-o bem e ele
retribuirá da mesma forma." (Suzy Prudden)


Prazer

"Não é nenhum pecado estar feliz por estar vivo."(Bruce Springsteen)


Regra Dois
"LIÇÕES LHE SERÃO APRESENTADAS"

Você está matriculado numa escola informal, da tempo integral, chamada vida. Nesta escola, a cada dia terá a oportunidade de aprender lições.Poderá gostar das lições ou odiá-las, mas você as incluiu como parte do seu currículo.

Abertura

"Quando a experiência é encarada de certa maneira, ela não apresenta nada senão portas de entrada para o domínio da alma." (Jon Kabat-Zinn)

Escolha

"Intensamente farei, diante do sol e da lua, qualquer coisa que ao meu íntimo alegre e que meu coração aponte." (Ralph Waldo Emerson)


Justiça

"Eu chorava por não ter sapatos até que vi um homem que não tinha pés."


Graça

"Você nutre sua alma ao realizar seu destino." (Harold Kushner)





quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Rihanna: A Mulher-Eco (Echo Woman)


Sem dúvida alguma, Umbrella (ella-ella-e-e-e) foi o Hit do Ano de 2007. A música tocou (e continua tocando) demaaais em todas as rádios do mundo.Umbrella foi uma música feita para durar e durar muito. E Rihanna derrubou de vez a já cambaleante Spears, que agora compete com a Winehouse pela posição de "mais doidaraça do mercado pop". Mas enfim, essas são as voltas que o mundo (até o pop) dá, vejamos o caso do Michael, certo?!

Porém, essa jovem Rihanna, a nova queridinha das rádios, tem algo de muito peculiar. A maioria de suas músicas de sucesso (não vou me atrever a colocar todas) tem ao menos uma frase que ecoa e ecoa-oa várias vezes (não pude deixar de notar). E isso faz com que a letra grude na sua cabeça que nem chiclete no cabelo. Será que ela fal assim normalmente, tipo: "-Hey, what's up-up-up!?"
Rihanna, A Mulher-Eco: algumas de suas eco-prozas... E viva a reiteração!


"Umbrella (ella-ella-e-e-e)". Umbrella




"Shut Up and Drive (drive-drive-drive)". Shut Up And Drive.



"I can't stand how much I need you (can't stand how much I need you)" "(That's how much I need you) That's how much I need you" Hate That I love you.


"This time please someone come and rescue me (someone come and rescue me)" "'Cause you on my mind, it's got me losing it ('Cause you on my mind)" . SOS (Rescue Me)


"Please Don't stop the music (music-music-music-music)" Don't Stop The Music.

*Colaboração de Rodrigo Suevo

See ya,
Be Abreu.

domingo, 20 de janeiro de 2008

Como se fuder num show do Los Hermanos

"Voltei para o Brasil há pouco tempo. Vivia com minha família na Inglaterra desde garoto. Estou morando no Rio de Janeiro há uns três meses e agora estou começando a me enturmar na Universidade. Não sei de muita coisa do que está rolando por aqui, então estou querendo entrar em contato com gente nova e saber o que tá acontecendo no meu país e, principalmente, entrar em contato umas garotas legais, né? Mas foi meio por acaso que eu conheci uma garota maneiríssima chamada Tainá. Diferente esse nome, hein? Nunca tinha ouvido.


Estava procurando desesperadamente um banheiro no campus quando vi uma porta que parecia ser um. Na verdade, era o C.A. da Antropologia. Uma garota já foi logo me perguntando se eu queria me registrar em algum movimento estudantil de não sei lá o que. Pensei em dizer que estava precisando cagar muito rápido, mas ela era tão gata que eu falei que sim. Tainá: cabelos pretos, baixinha e com uma estrutura rabial nota dez... Aí, acho que ela me deu um certo mole...

Conversa vai, conversa vem, ela me chamou para um show de uma banda hoje à noite que eu nunca tinha ouvido falar: Loser Manos. Nome engraçado esse! Estava fazendo uma força sobre-humana para manter a moréia dentro da caverna, mas realmente tava foda. Continuamos conversando e rindo. Ela riu até bastante, mas eu, na verdade, tava mesmo rilhando os dentes porque assim ficava mais fácil disfarçar as contrações faciais que eu estava tendo ao travar o cu para não cagar ali mesmo na frente dela.

Pensando bem, eu tinha ouvido falar alguma coisa sim sobre essa banda lá na Europa ainda, mas não me lembro bem o quê. Ah, acho que vi esses caras no noticiário local dando uma entrevista. Achei que fosse uma banda de crentes tradicionalistas tipo Amish. Todos de barba, com umas roupas meio fudidas. Parecia até a Família Buscapé! Dão a impressão de ser uns sujeitos legais, mas o que me chamou a atenção mesmo foi o jeito da repórter, como se fosse a fã nº 1 deles, como se estivesse cobrindo a volta do Beatles ou coisa parecida. Não entendi esse jeito "vibrão" de trabalhar.

Bom, mas se eu conseguir ficar com o bicho bom da Tainá hoje à noite, já tô no lucro! Marcamos de nos encontrar na entrada do ginásio. Rapaz, acho que tô dando sorte aqui no Brasil! Ia ser fácil achar essa garota no meio da multidão. Ela se veste de uma maneira estilosa, diferente, bem individual: sandália de dedo, saia indiana, camiseta de alça, uma bolsa a tiracolo e o mais interessante: um óculos fininho, de armação escura, grossa e retangular, engraçados até! Depois de uns mil "Desculpe, achei que você fosse uma amiga minha.", finalmente encontrei Tainá e seu grupo de amigos. Cacete, isso sim é que é moda! Parecia uniforme de escola!

Ela me apresentou suas amigas, Janaína e Ana Clara e seus respectivos namorados, Francisco e Bento. Uma mistura de fazendeiros com intelectuais. Uns caras de macacão, óculos e de sandália de pneu e com ar professoral. Pareciam ser legais, "do bem" como eles mesmo falam... Mas que não me deram muita conversa. "Do bem", isso mesmo! Gíria nova... Todos aqui são "do bem". E que nomes tão simples! Janaína, Ana Clara, Francisco, Bento e Tainá. Nada de Rogérios ou Robertos. E eu já tava me sentindo meio culpado por me chamar Washington... Realmente estava no meio de uma nova época da juventude universitária brasileira!

Comecei a conversar com a Tainá antes que a banda entrasse no palco. Aí, acho que tá rolando uma condição até! Quem sabe posso me dar bem hoje? Ela começou a falar de música: "Quem você gosta em musica?", perguntou.

- Pô, eu me amarro no George..."

Ela imediatamente me interrompeu, dizendo alto: "Seu Jorge? Eu também amo o Seu Jorge!"

Puxa, que legal! Ela gosta tanto do George Harrison que se refere a ele com uma intimidade única! Chama ele de "Seu"! Seu Jorge! Isso é que é fã! "Legal você já conhecer ele, hein? Eu sabia que ele ia se dar bem na Europa! O Seu Jorge é um gênio!" , ela emendou. Pô, eu morava na Inglaterra. Como eu não ia conhecer o George Harrison? Essa eu não entendi...

Depois ela perguntou quais bandas que eu gostava. "Eu curtia aquela banda da Bahia...".

"Ah, Os Novos Baianos, né?? Adoro também!"

"Não, Camisa de Vênus! "Silvia! Piranha!" cantei, rindo.

A cara que ela fez foi de quem tinha bebido um balde de suco de limão com sal. Senti que ela não gostou muito da piada. Tentei consertar: "Achava eles engraçados, mas era coisa de moleque mesmo, sabe?" Óbvio que não funcionou... Aí, acho que dei um fora...

Depois, Tainá foi me explicando que o tal Loser Manos é a melhor banda do Brasil, etc., etc., etc., e que eles "promovem um resgate da boa música brasileira". "Tipo Os Raimundos com o forró?", perguntei. "Claro que não!", disse ela meio exaltada! Ela me falou que não se pode comparar os Los Hermanos com nada porque "eles são únicos", apesar de hoje se ter excelentes artistas já reverenciados pela mídia do Rio de Janeiro como Pedro Luis e a Parede, O Rappa, Ed Motta, Paulinho Moska, Orquestra Imperial, Max de Castro, Simoninha e Farofa Carioca. Ela mencionou também "Marginalia" ou coisa parecida. Foi isso mesmo que eu ouvi? Achei que ela estivesse elogiando eles... Esses foram os nomes artísticos mais escrotos que já ouvi, mas fiquei quieto. Fico feliz em saber isso pois quando me mudei o que fazia sucesso no Rio era Neuzinha Brizola e seu hit "Mintchura". Ainda bem que tudo mudou, né?




Só depois percebi que o nome da banda é em espanhol: Los Hermanos. Ah bom! Mas se eles são tão brasileiros assim porque não se chamam "Os Irmãos"? Quando saí daqui os nomes de muitas bandas costumavam ser em inglês e até em latim. Ainda bem que essa moda de nomes de bandas em espanhol não pegou por no Brasil! Pelo que me lembro, ao explicar qual é a dos "Hermanos", ela usou a expressão "do bem" umas 37 vezes e disse que eles falam de romantismo, lirismo, samba, brasilidade e circo. Legal, mas circo? Pô, circo é foda! Uma tradição medieval que ganha dinheiro maltratando animais. Onde está a poesia de ver um urso acorrentado pelo pescoço tentando se equilibrar miseravelmente em cima de uma bola enquanto é puxado pelo pescoço por uma corrente e por um cara com um chicote na mão? Rá, rá, rá... Engraçado pra caralho! Na boa, circo é meio deprimente. Palhaço de circo só troca tapão na cara e espirra água nos olhos dos outros com flor de lapela e quando sai do picadeiro, vai chorar no camarim. Que merda! A única coisa legal no circo mesmo é quando ele pega fogo. Isso sim que é um espetáculo de verdade! Aquela correria toda, etc. Senti que essa galera se amarra em circo. Não faz sentido se eles são tão politicamente corretos assim, né? E os pobres animais? E eu querendo não passar em branco com a conversa com a Tainá, mas não conseguia lembrar de jeito nenhum a única coisa que eu sabia sobre a banda... Cacete...! O que era mesmo?

De repente, uma gritaria histérica! O show tava começando! O ginásio veio a baixo! Perguntei pra ela: "Eles são todo irmãos, né, tipo o Hanson?" Ela disse um "não" esquisito, como se eu tivesse debochando. Todos eles usam uma barba no estilo Velho Testamento e se chamam "Los Hermanos"! O que ela queria que eu pensasse? Após ouvir a primeira música deu pra ver que os caras são profissionais mesmo, tocam bem e são completamente idolatrados pelo público, para dizer o mínimo. Fiquei prestando atenção ao show. Tem uma influência de Weezer, Beatles e Chico Buarque. Esse aí é fodão, excelente compositor mesmo. Lá na Inglaterra conhecia uns caras que eram ligados ao movimento "Dark", como chamam por aqui. São os sujeitos que gostam de Bauhaus, Sister of Mercy, The Cure, etc. E tem a maior galera aqui no Brasil também que se veste de preto, não toma sol, curte um pessimismo niilista e se amarra nessas bandas. Mas se eles sacassem que o Chico Buarque é o genuíno artista "Dark" brasileiro. Pô, é só ouvir as músicas dele pra perceber: "Morreu na contra-mão atrapalhando o tráfego" ou "O tempo passou na janela é só Carolina não viu". "Pai, afasta de mim esse cálice, de vinho tinto de sangue" ou "Taca pedra na Geni, taca bosta na Geni, ela é boa pra apanhar, ela é boa de cuspir, ela dá pra qualquer um, maldita Geni". Tudo alegrão, né? Se eu fosse dark, só ia ouvir Chico Buarque, brother!

Tentei reengatar a conversa dizendo que achava ao baixista o melhor músico dos Los Hermanos. Ela respondeu, meio irritada: "Mas ele não é da banda!" Como eu ia saber?O cara tem barba também! Aí, não tô entendendo mais nada... Adiante ela me disse que o cara que ela mais gostava era um tal de Almirante. Depois de alguns minutos deu pra ver que o camarada imita um pouco os trejeitos do Paul McCartney, só que em altíssima rotação. Ele fica se contorcendo feito um maluco enquanto os outros ficam estáticos. É engraçado até! Parece que ele tem uma micose num lugar difícil de coçar! E fica falando e rindo direto. Ele é o irmão gaiato do cara que canta a maioria das músicas, o tal de Marcelo Campelo, como anunciaram no noticiário local. Isso mesmo, Marcelo e Almirante Campelo: "Os Irmãos"! Legal! Já tava me inteirando! Ah, e tem também dois gordinhos de barba que estão lá também, mas devem ser filhos de outro casamento...

Tava um calor desgraçado, coisa que eu realmente não estou acostumado. Fui rapidão ao bar pra beber alguma coisa. Comprei umas quatro latas de refrigerante que era o único troço que tava gelado para oferecer para meus novos amigos: "Aí, trouxe umas Coca-colas pra vocês!" Ouvi a seguinte resposta: "Coca-cola? Isso é muito imperialista... guaraná é que é brasileiro!" Puxa, que pessoal politizado... Isso mesmo, viva o Brasil! "Yankees, go home", rá, rá! Outro fora que eu dei! Mas, pensando bem, eles não usam o Windows e o Word pra fazer trabalhos da universidade? Ou usam o "Janelas"? Dessas coisas gringas não é tão mole de abrir mão, né? Mais fácil não tomar Coca-Cola! Isso sim que é ativismo estudantil consciente!

Posicionamentos políticos à parte, tava quente pra caralho, então bebi tudo mesmo sob o olhar meio atravessado de todos eles... fazer o quê? Lá pelas tantas, começou uma música e todo mundo berrou e pulou. Parecia o fim do mundo. Logo nos primeiros acordes, reconheci o som e falei pra Tainá: "Ah, eu sei o que é isso! É um cover do Weezer! Me amarro em Weezer!" Ela olhou pra mim com uma cara indignada e disse: "Que Weezer o quê? O nome dessa música é "Cara Estranho". Já vi que não gostou de novo... Mas quem sou eu pra dizer alguma coisa aqui, né? Porra, mas que parece, parece! Mas o que era mesmo que eu não consigo lembrar de jeito nenhum sobre eles? Acho que conheço alguma outra música deles... Só não consigo dizer qual...

Sabia que se eu quisesse me dar bem logo com a Tainá teria que ser entre uma música e outra pois parecia que ela estava vendo um disco voador pousar enquanto os caras tocavam. Resolvi fazer uma piada que sempre rola em shows. Quando o Campelo tava falando alguma coisa qualquer, berrei: "Filha da putaaaaaaaaaa!" Pra que? Tainá e sua milícia hermanista me deram uma cutucada na costela que me fez perder o ar! Pô, todo show rola isso! É quase uma tradição até! E é só uma piada! Aí, esse pessoal leva tudo muito a sério! Caralho... Pensei em pegar uma camisinha da minha carteira e fazer um balão e jogar pra cima, como rola em todo show, pra mostrar pra Tainá que eu sou uma cara consciente, tipo: "Aí, Tainasão, se tu quiser, eu tô preparado!", mas depois dessa vi que senso de humor não é o forte dessa galera...

O tempo tava passando e nada de eu pegar a minha nova amiguinha. Quando fui tentar falar uma coisa no ouvido dela, foi o exato momento em que começou uma outra música. Foi aí que a louca deu um grito e um pulão tão altos que eu levei uma cabeçada violenta bem no meio do meu queixo! Ela não sentiu nada, óbvio, pois estava em transe hipnótico só por causa de uma canção sobre a beleza de ser palhaço ou lirismo do samba ou qualquer sacanagem do gênero. A porrada foi tão forte que eu mordi um pedaço da minha língua. Minha boca encheu d´água e sangue na hora. Enquanto eu lutava pra não desmaiar, instintivamente enfiei a manga da minha camisa na boca pra estancar o sangue e não cuspir tudo em cima de Ana Claudia e Jandaína or something. Só que estava tão tonto com a cabeçada que tive que me segurar em uma ou outra pessoa pra não cair duro no chão.

Foi quando ouvi: "Nossa, que horror! Lança-perfume! Esse playboy tá doidão de lança! Que decadência..." Lança-perfume? Cara, lógico que não! E mesmo que tivesse, todo show tem isso! Mas nesse, não pode. É "do bem". É feio ter alguém cheirando loló!! Pô, todo show que eu fui na vida tinha alguém movido a clorofórmio. Que merda... Babei na minha camisa até o ponto dela ficar ensopada! Fui ao banheiro tentar me recuperar do cacete que tomei. Lavei o rosto e tirei a camisa.

Quando voltava passei por uma galera e ouvi resmungarem alguma coisa do tipo: "...e esse mala aí sem camisa..." Porque não se pode tirar a camisa num show? Isso aqui não é só uma apresentação de uma banda? Parecia que eu ainda estava na Europa! Regulões do caralho... E, afinal, o que significa "mala"? Estava enxergando tudo embaçado e notei que minhas lentes de contato tinham saltado pra longe com a cabeça-ariete de Tainá e esmagadas por centenas de sandálias de dedo. Lembrei que sempre levo um par de lentes extras no bolso. É uma parada moderna que eu achei lá em Londres. Um estojo ultrafino com uma película de silicone transparente dentro que mantém as lentes umedecidas e prontas para uso. Abri o estojo e peguei cuidadosamente a película com as duas mãos e elevei-a contra a luz para conseguir achar as lentes. Estiquei os polegares e indicadores, encostando uns nos outros, para abrir a película entre esses dedos. Balançava o negócio levemente, de um lado para o outro, contra a pouca luz que vinha do palco para conseguir localizar as lentes. Não estava enxergando nada direito!

Quando tava lá com as mãos pra cima, fazendo uma força do caralho pra achar a porra dessas lentes, um dos caras legais com nomes simples, me deu um puta safanão no ombro. É claro que o silicone voou longe também. Caralho, minhas lentes! Custaram uma fortuna! Que filho da puta! "Que sinal é esse que tu fazendo aí, meu irmão? Tá desrespeitando as meninas? " "Que sinal, que sinal?", respondi, assustado. "Buceta, palhaço!", apertando o meu braço que nem um aparelho de pressão desregulado. "Você tá no show do Los Hermanos, ouviu? Los Hermanos! Ninguém faz sinal de buceta em um show do Los Hermanos, sacou?", gritou o tal hipponga na minha cara. Que viado, eu não tava fazendo nada! Parece uma freira de colégio! Que lance é essa de buceta? Da onde esse prego tirou isso? As meninas... (Perái! Menina? A mais nova aí tem uns 25!) ficaram me olhando com a cara mais escrota do mundo!

A essa altura, já tinha percebido que não ia agarrar a Tainá nem que eu fosse o próprio Caetano Veloso! "Bento", que nome mais ridículo... Isso aqui é um show ou uma reunião de alguma seita messiânica escolhida para repovoar a Terra? Caralho, que noite infernal. Tava com a língua sangrando, sem enxergar direito, só de calça, arrotando sem parar e puto da vida porque só tinha aceitado vir aqui por causa de mulher. Estava no meu limite. Isso era um show ou uma convenção do Santo Daime? Que patrulhamento! E, de repente, vejo Tainá e seus amigos olhando pra mim atravessado e cantando a seguinte frase: "Quem se atreve a me dizer do que é feito o samba?" Aí foi demais!

Aí, eu me atrevo: Ritmo, melodia e harmonia. Pronto, só isso! Mais nada! Olha só: foda-se o samba, foda-se o circo, foda-se a obsessão por barba da família Campelo e, principalmente, foda-se essa galera "do bem" que está aqui!" Apesar de tudo, a banda é realmente excelente! O que incomoda mesmo é esse público metido a politicamente correto e patrulhador e a imprensa que força a barra pra vender alguma imagem hipertrofiada do que rola de verdade. Esse climão de festival antigo de música popular brasileira, daqueles com imagens em preto e branco, com todo mundo participando, que volta e meia reprisam na tv. "Puxa vida, um novo movimento musical brasileiro?" "Estamos realmente resgatando a nossa cultura!" ? Ei, é só música pop! MÚSICA POP! Caralho, finalmente lembrei! Eu conheço uma música deles! Ouvi em Londres! Numa última tentativa de salvar meu filme com Tainá, na hora do bis, berrei bem alto: "TOCA ANA JULIA!"

Só acordei no hospital. Tomei tanta porrada que vou ter que fazer uma plástica pra tirar as marcas de pneu da minha cara! Fui pisoteado! Neguinho ficou puto! Qual é o problema com essa música? Me lembro de estar sendo chutado pela elite dos estudantes universitários brasileiros e da própria Tainá, gritando e me dando um monte de bolsada na cabeça! Que porra louca! Tentaram me linchar! Ofendi todo mundo! Pô, Ana Julia é uma música boa sim! É um pop bem feito! Se não fosse, o "Seu Jorge" Harrison não teria gravado, né? Se ele não entende de música, quem entende? Me disseram depois que o tal Campelo se retirou do palco chorando, magoado, e o outro irmão mais novo dele, o nervosinho que imita o Paul McCartney, pulou do palco pra me chutar também. Do bem? Do bem é o cacete...

Aí, sinceramente, ainda prefiro o Camisa de Vênus... "



Adolar Gangorram, autor do texto, tem 69 anos, é editor do periódico humorístico Os Reis da Gambiarra e é filho único.

sábado, 19 de janeiro de 2008

The Queen of Venice



Kiedis: "Veio de John, com essa apaixonante e furiosa energia que tem essa música। Poderosa e tocante. Não tem refrão, ponte, nada, só três partes divididas. É como uma canção de adeus para uma garota."

Does it go from east to west
Body free and a body less
Come again just
to start a fresh
Once again to find a home
In the moment of the meantime

Dropping in coming through the mesh
Checking in just to get it
blessed
Hard to leave when it's picturesque
Find a form that's free the
roam
Where you coming from
Where you going

Do it all then it all again
Make it up and you make a friend
Paddle on
just around the bend
Find a place where you can see
All the mamas and
the papas

Take a chance on a recommend
Hard as hell just to
comprehend
Disbelief that I do suspend
Easy now to find a breeze
Where you come from
Where you going

We all want to tell her
Tell her that we love her
Venice gets a queen
Best i've ever seen
We all want to kiss her
Tell her that we miss her
Venice gets a
queen
Best i've ever

I know you said you don't believe
In god do
you still disagree
Now that it's time for you to leave
G.L.O.R.I.A
Is love my friend

Your stylish mess of silver hair
A woman of
your kind is rare
Your uniform returns to air
G.L.O.R.I.A
Is love my
friend

And now it's time for you to go
You taught me most of what I
know
Where would I be without you Glo
G.L.O.R.I.A
Is love my friend

I see you standing by the see
The waves you made will always be
A kiss goodbye forever you leave
G.L.O.R.I.A
Is love my friend


See ya,
Be Abreu.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Microsoft quer vigilância no PC à la "Big Brother"

A Microsoft solicitou patente para um novo software capaz de monitorar o desempenho de um indivíduo na frente do PC por meio de suas expressões faciais, pressão sangüínea, entre outros. O jornal britânico "The Times" diz ter conseguido acesso ao pedido de patente em reportagem desta quarta-feira.

A empresa norte-americana pretende desenvolver um sistema que usa sensores sem fio para acompanhar o ritmo cardíaco, a temperatura do corpo, os movimentos, a expressão facial e a pressão sangüínea do trabalhador. O software espião permitiria que sensores sem fio captassem com precisão detalhes como "arrepios da pele".

O instrumento era até agora limitado aos pilotos ou aos astronautas da Nasa. O "Times" diz que esta é a primeira vez que a companhia se propõe a desenvolver seu "Big Brother" para todo tipo de escritório. As transformações físicas do funcionário seriam comparadas com um perfil psicológico individual baseado no peso, na idade e na saúde do trabalhador.

A Microsoft confirmou sistema que pretende vigiar até os batimentos cardíacos de usuários de computadores em escritórios. Se o sistema detectar uma aceleração do ritmo cardíaco ou das expressões faciais que indique estresse, informará aos responsáveis que o trabalhador precisa de ajuda. O Comissário de Informação do Reino Unido, grupos de liberdade civil e advogados dedicados à defesa da privacidade criticaram duramente o potencial do novo sistema.

O Escritório de Patentes dos Estados Unidos confirmou na terça-feira que a solicitação foi publicada no mês passado, um ano e meio após a Microsoft apresentar o projeto. Acredita-se que a patente pode ser concedida em um ano.

Em comunicado, a Microsoft confirmou ter entrado com pedido de patente para um novo software, mas disse que não é da prática da empresa "fazer comentários sobre patentes em andamento porque podem sofrer alterações ao longo do processo de aprovação pelo Departamento norte-americano de Patentes e Marcas Registradas".

Matéria do dia 16/01/08 de Folha Online
http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u364105.shtml



Legal né! A Microsoft já sabe tudo sobre você e agora quer contar pro seu chefe!

See ya,
Be Abreu.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Sobre Homens e Armas

Homem vende arma.
Homem ganha dinheiro.
Homem come carne.

Homem compra arma.
Homem mata carne.
Homem ganha dinheiro.

Homem vende morte.
Homem compra carne.
Arma mata homem.
Homem come homem.


See ya,
Be Abreu

Coisas que Eu Sei / Being a Woman


Essa música me pegou de jeito. Sabe aquela música que quando se escuta pela primeira vez não faz sentir nada em especial, mas depois de uma segunda e curiosa audição te prende e fica voltando à cabeça o dia inteiro?: Juro que não curti de cara, talvez por já ter ouvido Danni Carlos antes e esperar um cover óbvio de alguma canção de muito sucesso. Acontece que a Danni (ó a intimidade) virou o jogo... Que letra maravilhosa essa, não é?! Repleta de metáforas inteligentíssimas e versos beeem chicletes, linda mesmo...



Eu quero ficar perto de tudo que acho certo
Até o dia em que eu mudar de opinião
A minha experiência, meu pacto com a ciência
O meu conhecimento é minha distração

Coisas que eu sei
Eu adivinho sem ninguém ter me contado
Coisas que eu sei
O meu rádio relógio mostra o tempo errado
Aperte o Play

Eu gosto do meu quarto, do meu desarrumado
Ninguém sabe mexer na minha confusão
É o meu ponto de vista, não aceito turistas
Meu mundo tá fechado pra visitação
(Foda!)

Coisas que eu sei
O medo mora perto das idéias loucas
Coisas que eu sei
Se eu for eu vou assim não vou trocar de roupa
É minha lei

Eu corto os meus dobrados
Acerto os meus pecados
Ninguém pergunta mais, depois que eu já paguei
Eu vejo o filme em pausas
Eu imagino casas
Depois eu já nem lembro do que eu desenhei
(Eu e minhas idéias de letras)

Coisas que eu sei
Não guardo mais agendas no meu celular
Coisas que eu sei
Eu compro aparelhos que eu não sei usar
Eu já comprei
(Eu entro em relacionamentos com os quais eu não sei lidar
Eu jã entrei)


As vezes dá preguiça
Na areia movediça
Quanto mais eu mexo mais afundo em mim
(!)
Eu moro num cenário
Do lado imaginário
Eu entro e saio sempre quando tô a fim

Coisas que eu sei
As noites ficam claras no raiar do dia
Coisas que eu sei
São coisas que antes eu somente não sabia

Coisas que eu sei
As noites ficam claras no raiar do dia
Coisas que eu sei
São coisas que antes eu somente não sabia

Agora eu sei

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Nota de Abertura



Ah, o blog... Segundo a prática e nem um pouco digna de confiança Wikipédia, um weblog, blog ou blogue é uma página da Web cujas atualizações (chamadas posts) são organizadas cronologicamente de forma inversa (como um diário). Estes posts podem ou não pertencer ao mesmo gênero de escrita, referir-se ao mesmo assunto ou ter sido escritos pela mesma pessoa.
Pensamentos, opiniões, indicações, reflexões e etc. Esse espaço será destinado a tudo que sou e ninguém sabe, a tudo que eu penso e ninguém imagina e a tudo que eu faço e alguns duvidam...
Enfim, é isso!
Ah, e "esprimente a linguiça"!